Por: Psicóloga Sara Almeida Fernandes – CRP/BA 08/8217
Essa é uma realidade nada romântica, porém muito comum. Existem casais que dividem a casa, a cama, o cotidiano, mas são completos “estranhos” na questão cumplicidade, companheirismo, intimidade. Entre eles não há compartilhamentos de segredos, de medo, tão pouco de sonhos porque não percebem que o parceiro (a) é alguém confiável. Sendo mais específica, muitas pessoas carregam a sensação de estar “dormindo com o inimigo (a)”. Triste realidade, mas é a vivência de inúmeros casais.
São parcerias nas quais os envolvidos não vivenciam a graça e a riqueza de ter, de fato um ombro à disposição, em tempo integral e sob o mesmo teto. O ressentimento e a desconfiança inspiram as regras da convivência.
Imagine a sensação de sentir-se angustiado (a), mas não ter à segurança de compartilhar isso com o próprio cônjuge, companheiro (a)? E a decepção de perceber que o parceiro (a) tripudia daqueles desabafos tão dolorosos que você fez aos prantos? E o hábito de omitir informações financeiras um do outro (esconder dinheiro, comprar escondido, mentir sobre algum ganho etc.)? Lamentável, todavia isso é mais comum do que se pode imaginar.
Muitos casamentos (relacionamentos) são verdadeiros cárceres para as emoções dos envolvidos. Muitos destes, avançam muito, comemoram entusiasmadamente até bodas de prata, outros além das bodas de ouro. É que a nossa sociedade insiste em chamar de ” casamento que deu certo”, aquele que sustenta – se a décadas, a conhecida máxima “até que a morte os separe”, a qualidade do vínculo, da convivência, não vem ao caso. Se a pessoa estiver com uma aliança e com status de casado (a), está tudo nos conformes. Pouco importa se existe alegria, felicidade, amargura, desrespeito, e inacreditavelmente sofrendo algum tipo de violência, abuso.
Em contrapartida, muitas pessoas que decidem se separar por identificarem no casamento, na relação, as raízes de seus adoecimentos, de suas crises de ansiedade e da depressão que nunca é superada, estes são criticados, julgados e apontados da pior forma possível pelo seu círculo social e familiar. O medo do julgamento, ainda é a corrente que aprisiona muitos casais em relacionamentos destrutivos e devastadores.
Como ter saúde emocional e física, ao lado de alguém que somente crítica, que não respeita, que não acolhe, que não dá carinho, que maltrata, que age como não se importa – se com o outro?
Neste cenário, há casos em que a separação chega a ser uma questão de resgate da própria saúde mental, psíquica e até mesmo física.
O relacionamento precisa fazer sentindo, precisa “ser” vida para sua “vida”, precisa elevar a um status melhor do que ela já estava enquanto se era solteiro, do contrário, não se anule ou se submeta, para agradar uma sociedade líquida, onde os amores são “rasos” e as relações tem pilares frágeis, vulneráveis, temporários e efêmeros.
A filosofia da psicologia.
Por – Psicóloga Sara Almeida Fernandes CRP/BA 08/8217
(Deixando claro que não sou especialista nessa seara)